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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ENTENDENDO A LEITURA BÍBLICA - 1, 2 CRÔNICAS e EZEQUIEL Vimos que, depois dos muitos apelos feitos pelos profetas que ministraram durante os governos dos reis de Israel, e depois da contínua desobediência do povo, não houve jeito, a nação foi levada ao cativeiro. O Reino do Norte foi levado ao cativeiro assírio, o que ocorreu em três invasões sucessivas (2 Rs 15.17-19; 15.29; 17.5,6), e o Reino do Sul ao cativeiro babilônico, também em três contingentes (2 Rs 24.1-4; 24.10-14; 25.1-7). Embora pareça que a leitura de 1 e 2 Crônicas seja repetitiva em relação à leitura de 1 e 2 Reis, é importante que o leitor esteja atento para uma grande diferença e perceba que, na verdade, esses livros se complementam. Enquanto os livros de 1 e 2 Reis registram as ações dos monarcas dos Reinos do Norte (Samaria) e do Sul (Jerusalém), e destacam os ministérios dos profetas e sacerdotes desses Reinos; os livros de 1 e 2 Crônicas registram somente as ações dos monarcas que governaram no Reino do Sul (Jerusalém), donde vem a árvore genealógica do Messias, e não se aprofundam no registro dos ministérios dos profetas e sacerdotes desse período da História de Israel. 1 CRÔNICAS: O livro inicia-se com uma longa listagem das genealogias de Israel (1.1-9.44), mostrando a linhagem do Messias (2.1-3.24); as tribos de Israel (4.1-8.40) e os que retornaram do cativeiro babilônico (9.1-44). Compare a longa listagem de 1 Cr 2.1-3.24 com a síntese apresentada em Mt 1.1-17 e Lc 3.23-38, donde provem Jesus Cristo. A seguir, o livro detém-se na apreciação do reinado de Davi (10.1-29.30): como ele tornou-se rei (10.1-12.40), sua devoção a Deus (13.1-17.27; 23.1-27.34), algumas de suas conquistas militares (18.1-20.8) e como ele preparou a construção do Templo (22.1-19; 28.1-29.30). Note que o texto sagrado não aborda a vida do primeiro rei de Israel, que foi Saul, nem os pecados de Davi. 2 CRÔNICAS: O livro começa discorrendo sobre o reinado de Salomão, ainda com o Reino unido (2 Cr 1.1-9.31), e a seguir dá continuidade à listagem dos reis de Judá (10.1-36.23), até o cativeiro babilônico. Segundo Crônicas inicia-se apresentando a sabedoria e a glória do Reino no período de Salomão (1.1-17; 8.19.28) e segue-se com a construção e consagração do Templo (2.1-7.22). Depois prossegue apresentando a divisão do Reino (10.1-11.17) e avança com a História dos governantes de Judá, repleta de apostasias dos rebeldes e reformas feita por alguns governantes piedosos (11.18-35.27), até o exílio (36.1-23). EZEQUIEL: Enquanto os livros escritos pelos profetas pré-exílio começam situando-os em relação a algum rei da nação (exemplos: Is 1.1; Am 1.1; etc.), o livro do profeta Ezequiel começa fazendo menção ao cativeiro (1.1); e todas as citações cronológicas estão situadas em relação ao início do cativeiro (exemplos: 1.2; 8.1; 29.1; 31.1; 32.1,17; etc.). Ezequiel mantém profunda comunhão com o Senhor; o que se nota pelas grandiosas revelações dos céus (1.2-28; 2.9-3.15; 8.1-11.25; 10.1-22; etc.) e que o habilita a ser fiel porta-voz do Senhor. Considerando que o Reino de Judá foi para o cativeiro nos anos 605 a. C; 597 a. C, e 586 a. C; e que Ezequiel foi levado no primeiro contingente (605 a.C), percebe-se que sua profecia abarca aqueles que estão cativos com ele na Babilônia (8.1; 14.1-5; etc.) e os que ainda restavam em Jerusalém e que seguiriam para o cativeiro nos grupamentos seguintes (4.1-7.27; 13.1-23; etc.). Com um linguajar duro e irretocável, o Senhor compara o afastamento espiritual de Israel a um ato de adultério físico (16.1-63; 23.1-49; etc.) chegando a usar termos profundamente chocantes (16.25,26; 23.20; etc.). Contudo, apesar do cativeiro ter se abatido sobre toda a nação, o julgamento quanto à infidelidade espiritual é pessoal (18.1-32); sobretudo sobre a liderança que conduzia o povo ao pecado (8.16-18; 11.1-15; 33.1-9; etc.). O livro de Ezequiel traz uma profunda revelação quanto à origem do mal quando, numa gradação crescente, faz uma lamentação sobre a cidade de Tiro (27.1-36), a seguir sobre o príncipe de Tiro, que era o governante local (28.1-10) e, por fim, sobre o rei de Tiro, que era a potestade diabólica que comandava a cidade (28.11-19). Portanto o texto indica, sem rodeios, que a origem de todo o mal que assola a terra começou com um querubim ungido (28.14) e que fora perfeito (28.15a) até que delinqüiu-se (28.15c). O livro apresenta, ainda, profecias contra as diversas nações da época e contra as “ilhas do mar” (25.1-32.32); e encerra-se apontando que, depois de a glória do Senhor ter-se afastado do santuário, devido aos pecados da nação (8.4; 9.3; 10.4,18; etc.) profeticamente ela retorna: “a glória do Senhor entrou no templo...e eis que a glória do Senhor encheu o templo” (43.4,5). Isto só seria possível após a restauração dos ossos secos, ou seja, a nação de Israel (37.l-14) e a restauração do templo (40.1-47.23). APLICAÇÃO PRÁTICA DO LIVRO: 1 e 2 Crônicas nos revelam que houve uma linhagem santa da qual veio o Messias, e isto aponta para a nossa vida de necessária santidade e comunhão para podermos vê-Lo um dia. Já o livro de Ezequiel nos mostra que, mesmo que a glória do Senhor se tenha afastado de nós, devido às nossas culpas e pecados, ela está pronta a retornar nos renovando e fortalecendo, quando permitimos a restauração do Senhor em nossas vidas. Amados, “conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor” (Os 6.3a); ou seja, à leitura feita acrescentemos a aplicação prática em nosso viver diário. Este é o caminho da verdadeira vitória. Que o Senhor nos abençoe! Pr. Celso de Castro Costa.

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